‘Medrosa’: entenda origem do nome da onça famosa por caçar jacarés no Pantanal de MT


Onça ‘Medrosa’ da salto impressionante para atacar jacaré em Pantanal de MT
🐆 A onça-pintada Medrosa é conhecida pela habilidade em caçar jacarés no Parque Estadual Encontro das Águas, entre Poconé e Barão de Melgaço, no Pantanal mato-grossense, e seus ataques já foram registrados diversas vezes por biólogos, guias e turistas. No entanto, a dúvida é: por que um animal com essa característica possui um nome tão contraditório?
O g1 conversou com o guia de turismo e gestor ambiental Ailton Lara, resposável por batizar a onça com esse nome, para saber o motivo da escolha. Quando uma pessoa avista uma onça-pintada ainda desconhecida, ela recebe a oportunidade de escolher o nome do animal.
“Quando a vi pela primeira vez, ainda filhote, ela estava sendo coagida por algumas ariranhas, que estavam tentando pegar ela. Ela parecia assustada, por isso começamos a chamar de ‘Medrosa'”, explicou.
Apesar do tamanho das ariranhas, o embate entre elas e onças são comuns e já renderam diversos registros interessantes, por ambas serem predadoras. Atualmente, Ailton reconhece que, de medrosa, a onça famosa do Pantanal não tem nada.
“Ela cresceu, é uma boa caçadora, não tem nada de medrosa, hoje é super corajosa”, brincou.
O flagrante mais recente foi feito pelo piloto de barco Gabriel Felipe, durante um passeio com turistas na manhã desse sábado (2), no parque.
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🐆 Conheça Medrosa
Além de ser uma das onças-pintadas mais ativas e visíveis do parque, Medrosa também é parte de uma linhagem conhecida pelos pesquisadores e guias de turismo que atuam na região. Filha de Patrícia, uma das fêmeas mais registradas na área, Medrosa segue os mesmos passos da mãe ao se destacar pela habilidade de caça e pela frequência com que aparece nas margens dos rios.
Com 9 anos e pesando aproximadamente 90 quilos, ela se destaca não só pela força e agilidade típicas da espécie, mas também pela inteligência na hora de caçar.
Segundo o biólogo e guia de turismo João Marcelo Rocha Biagini, Medrosa tem o hábito de subir em árvores não apenas para descansar, mas como parte de uma estratégia sofisticada de ataque. Ao se posicionar em galhos próximos às margens dos rios, a onça consegue observar o movimento dos jacarés e surpreendê-los com um salto preciso e fatal, aproveitando o fator surpresa.
Medrosa tem 9 anos e pesa aproximadamente 90 quilos
João Marcelo Rocha Biagini
De acordo com João Marcelo, essa tática não é comum entre todos os felinos e Medrosa é uma das onças que mais utiliza a estratégia de subir em árvores para caçar com mais precisão.
“Ela utiliza a árvore para descansar também. É uma das onças que a gente mais vê em cima de árvore e, além disso, usa bem a árvore para poder caçar o jacaré.”
A linhagem de Medrosa
Medrosa também gerou descendentes marcantes, como Marcela, sua filhote de uma das gestações anteriores, que também é frequentemente avistada na área. A árvore genealógica dessas três fêmeas – Patrícia, Medrosa e Marcela – reforça a importância da linhagem para o ecossistema local e para o monitoramento das espécies.
Segundo Biagini, Medrosa já teve quatro gestações confirmadas desde 2020. Em uma delas, perdeu o filhote Aime, morto por um macho forasteiro.
Veja abaixo os filhotes nascidos até agora:
Luca – 2020 (não sobreviveu)
Marcela/Rio – 2021 (vivos)
Aime – 2023 (morto por um macho)
Pantaneiro – 2024 (vivo)
Piloto flagra salto de onça-pintada antes ataque contra jacaré no Pantanal de MT
Reprodução
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