Caso Gritzbach: Justiça começa a decidir se mandante e PMs acusados pela morte de delator do PCC vão a júri por homicídio


Caso Gritzbach escancarou o envolvimento de policiais com facções
Arte/g1
A Justiça começou a decidir nesta segunda-feira (28) se quatro dos seis réus acusados pela morte de Vinicius Gritzbach devem ser julgados pelo assassinato do delator do Primeiro Comando da Capital (PCC).
Os acusados são um dos mandantes do crime e três policiais militares:
Diego dos Santos Amaral, o “Didi”, apontado pelo MP como mandante do crime contra Gritzbach e membro do PCC. Ele está foragido da Justiça e é procurado pela polícia, que busca prendê-lo. Mas como constituiu sua defesa, o processo contra ele prossegue;

Fernando Genauro da Silva, tenente da Policia Militar (PM), acusado pela Promotoria de dirigir o carro usado na fuga pelos atiradores que mataram o delator da facção. Está preso e poderá acompanhar a audiência por videoconferência;

Denis Antonio Martins, cabo da PM, responsável por atirar em Gritzbach, segundo a acusação. Também está detido e acompanhará a sessão por um monitor integrado de TV;

Ruan Silva Rodrigues, soldado da corporação, que também atirou no empresário, de acordo com o MP. Preso como os colegas, poderá ver a audiência virtualmente.
Os outros dois réus _mais um mandante e um “olheiro”_ ainda não constituíram advogados e por isso o processo de homicídio contra eles foi suspenso temporariamente:
Emílio Carlos Gongorra Castilho, o “Cigarreira”, é traficante de drogas ligado do PCC e ao Comando Vermelho (CV). O Ministério Público o acusa de mandar matar Gritzbach. Está foragido;

Kauê do Amaral Coelho, o “Jubi”, é apontado pelo MP como o “olheiro” ligado ao PCC que visou aos atirados do desembarque do empresário no aeroporto. Segue foragido.
1ª audiência do caso
Vídeos mostram por diferentes ângulos execução de empresário no Aeroporto de Guarulhos
Esta é a primeira audiência de instrução do caso e não deve se encerrar ainda hoje. Ela começou por volta das 13h20 no Fórum de Guarulhos, na Grande São Paulo.
A audiência desta tarde servirá para saber se quatro dos réus deverão ser submetidos a julgamento por homicídio doloso, com intenção de matar. Serão ouvidas testemunhas de acusação e de defesa. Depois, os réus poderão ser interrogados.
Gritzbach foi morto com tiros de fuzis em 8 de novembro de 2024 no aeroporto de Guarulhos. Câmeras de segurança gravaram a execução(veja mais acima).
Vinicius Gritzbach era um empresário do ramo imobiliário que enriqueceu lavando dinheiro do tráfico de drogas do PCC e do CV por meio da compra de imóveis e criptomoedas. Em uma delação premiada à Justiça, ele entregou o esquema e acusou policiais de corrupção. Em troca, teria benefícios no processo de corrupção que respondia.
Para a Polícia Civil, o homicídio está esclarecido: a morte foi a mando de criminosos ligados ao PCC e ao CV e teve a participação de policiais militares. Outros PMs que faziam a escolta particular dele são suspeitos de terem relaxado a segurança e contribuído com o grupo.
Além da sua delação, o motivo foi, segundo a investigação, para vingar as mortes de dois integrantes do PCC que ele teria encomendado. Também pesou um desfalque financeiro nas operações dos criminosos.
O g1 não conseguiu localizar as defesas dos réus para comentarem o assunto.
Mais de 40 investigados
Gritzbach: por que 3 investigações apuram ligaçao de delator com policiais e facções
Ao menos 41 pessoas são investigadas pelas autoridades por suspeita de terem alguma ligação com o assassinato de Gritzbach. Dessas, 34 estão presas.
O caso Gritzbach escancarou o envolvimento de 27 policiais de São Paulo com o PCC e o CV. Entre os agentes, estão integrantes das polícias Civil e Militar.
A partir da morte de Gritzbach, foi montada uma força-tarefa em três frentes: a Polícia Civil investiga o assassinato; a Polícia Federal apura a denúncia de corrupção policial; e a Polícia Militar averigua a atuação irregular de agentes na escolta do delator.
Veja quem é alvo da Polícia Civil na morte de Gritzbach
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