Justiça solta ex-servidor da Strans investigado por apagar multas ilegalmente; ‘colaborou com a investigação’, diz delegado


Justiça solta ex-servidor da Strans investigado por apagar multas ilegalmente
Reprodução/Redes Sociais
A Justiça do Piauí soltou Lucas da Rocha Lima, ex-servidor comissionado da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (Strans) de Teresina . Ele é investigado por participar de um esquema de cancelamento ilegal de multas de trânsito, se apresentou à polícia na sexta-feira (25) e foi posto em liberdade no sábado (26).
O delegado Ferdinando Martins, coordenador do Departamento Estadual de Combate à Corrupção (Deccor), afirmou que ele “colaborou com as investigações” e “ofereceu dados positivos” ao ser interrogado enquanto esteve detido. O g1 tenta contato com a defesa de Lucas.
✅ Siga o canal do g1 Piauí no WhatsApp
De acordo com a Polícia Civil, o ex-servidor atuava tanto diretamente na exclusão das multas quanto ordenava, com a permissão dos gestores da Strans, que funcionários terceirizados fizessem isso.
A investigação policial apontou ainda que bilhetes foram usados em algumas ocasiões, de forma improvisada, para pedir o cancelamento de multas sem que houvesse um processo formal.
Além de Lucas, a Operação Reset, deflagrada pelo Deccor na última quarta-feira (23), teve como alvos:
Bruno Pessoa, ex-superintendente da Strans;
Daniel Araújo, ex-gerente de Gestão de Trânsito da Strans e vice-presidente da Federação de Futebol do Piauí (FFP).
A polícia fez buscas e apreensões nas residências de ambos e está periciando os celulares deles. Bruno está sendo monitorado por tornozeleira eletrônica.
Ex-superintendente e ex-gerente da Strans são alvo de operação da Polícia Civil
Reprodução/TV Clube
Como funcionava o esquema
O Deccor começou a investigar o esquema depois de receber uma denúncia anônima que apontava o envolvimento de gestores e funcionários da Strans no cancelamento indevido de multas de trânsito entre fevereiro e junho de 2024.
A polícia enviou um ofício à superintendência, que informou que fez uma auditoria interna no fim do ano passado e identificou 2.215 multas excluídas ilegalmente. Dessas, cerca de 400 foram apagadas após o horário de expediente.
Segundo a investigação, o papel dos ex-gestores da Strans era determinar quais multas de pessoas ligadas a eles deveriam ser excluídas. Um grupo de funcionários terceirizados, por sua vez, era responsável por acessar o sistema do órgão e cancelar essas notificações.
“Eles seguiam ordens dos chefes do setor e do então superintendente e excluíam multas de pessoas próximas, apadrinhadas [pelos gestores ou] por algumas autoridades”, afirmou o delegado Ferdinando Martins.
“São multas de toda natureza: estacionamento irregular, ultrapassar o sinal vermelho, falar ao celular… Às vezes era um parente de um membro da Strans, alguma liderança ou alguém mesmo que conhecia o vereador. O chefe recebia e pedia para excluir”, completou o coordenador do Deccor.
De acordo com a polícia, o prejuízo estimado aos cofres públicos municipais foi superior a R$ 500 mil. Os investigados podem responder por exclusão indevida de dados em sistema público — cuja pena chega a 12 anos de prisão —, associação criminosa e outros crimes relacionados.
Operação mira exclusão ilegal de multas de trânsito em Teresina
Divulgação/SSP-PI
VÍDEOS: assista aos vídeos mais vistos da Rede Clube
Adicionar aos favoritos o Link permanente.