Documentário reforça cultura e tradição de bairros rurais em Itapetininga: ‘Preservar a memória local’, diz diretor


Documentário que reforça cultura e tradição de bairros rurais é lançado em Itapetininga
Após quase um ano de produção, um documentário que valoriza a cultura e a tradição de moradores da zona rural de Itapetininga (SP) foi lançado na quarta-feira (16). A obra reúne histórias dos distritos de Gramadinho, Conceição, Varginha, Tupy, Rechã e Morro do Alto.
Trazendo a memória e a identidade das comunidades rurais como protagonistas, moradores dos bairros puderam compartilhar experiências vividas no local. Ao g1, os responsáveis pelo projeto, que recebeu apoio da Lei Paulo Gustavo, de incentivo à cultura, contaram mais detalhes sobre a produção.
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Gabriel Resende, diretor executivo do documentário, afirmou que oito pessoas estiveram envolvidas na obra, entre responsáveis por pesquisa, trilhas sonora, produção e captação de imagem.
“É um projeto para a preservação da memória local e o fortalecimento da identidade. Ao resgatar parte das histórias e tradições da zona rural, a cinegrafia destaca a importância dessas regiões na formação cultural de Itapetininga”, destacou.
Documentário que reforça cultura e tradição de bairros rurais é lançado em Itapetininga
Reprodução/ASA
Valorização do patrimônio imaterial
A obra também contribui para a valorização do patrimônio imaterial, evidenciando a diversidade de saberes, práticas e vivências que moldam o município. “As entrevistas e registros realizados oferecem um panorama rico sobre a relação entre os moradores e a terra, promovendo a conscientização sobre a relevância da preservação dessa e outras heranças, além de destacar o cotidiano presente”, disse Gabriel.
Outro ponto destacado pelo diretor é que o documentário também funciona como ferramenta educativa e incentivo ao diálogo entre gerações, com o objetivo de fortalecer a identidade rural dos distritos.
Entre os personagens retratados está o professor José Maria Ferreira, conhecido como Zé Maria, de 68 anos, que compartilha sua vivência com o morador mais antigo do bairro da Varginha, um dos seis distritos contemplados pela produção.
José Maria Ferreira, conhecido por Zé Maria, 68 anos, é morador do bairro da Varginha
Reprodução/ASA
“Compartilhei aspectos da vida dos moradores da comunidade, destacando as transformações que presenciei ao longo dos anos — especialmente em relação ao sustento das famílias por meio da agricultura”, afirmou Zé Maria.
A participação dele contribuiu para a preservação e divulgação da história do bairro em Zé Maria vive a vida toda, ao lado de seis irmãos dos nove irmãos, enquanto os demais moram na região. A história da família é tão pertencente ao bairro que a escola municipal é em homenagem ao pai de Zé, a EMEF José Lauro Ferreira.
“Meu pai deu o nome da escola municipal do bairro. Ele não era professor, mas foi uma pessoa que fez a diferença na comunidade, ajudando no esporte, cultura, educação, etc. Uma pessoa de muita história na comunidade e no município”, contou.
Documentário que reforça cultura e tradição de bairros rurais é lançado em Itapetininga
Reprodução/ASA
Modo de vida rural
Há quase quarenta anos no magistério, Zé Maria, agora aposentando, continua trabalhando como professor de filosofia. “Trabalho em um projeto na escola, aos sábados e domingos, para comunidade e, durante a semana, com alunos com dificuldade de aprendizagem em uma sala de recursos”.
“Como professor que atuou com dedicação junto à população local, expresso minha sincera gratidão pela iniciativa. É gratificante ver nossa cultura e nosso modo de vida rural sendo valorizados e reconhecidos”, afirmou Zé Maria.
Joana D’arc Vittorelli Pires, 60 anos, é diretora de escola aposentada e hoje atua como integrante da cooperativa “Joias do Gramadinho”, desde 2022, após fazer um curso no Sindicato Rural sobre biojoias.
O trabalho manual, feito a partir de cascas e sementes do bairro, coletadas pelas artesãs, se tornou fonte de renda
Joana D’arc Vittorelli/Arquivo pessoal
“Após o primeiro curso comentei: ‘por que a gente não se junta e desenvolve um trabalho como fonte de renda?’. Nosso coletivo conta (agora) com mais de 50 mulheres, entre elas artesãs, aquelas que trabalham com bens e serviços e empreendedoras aqui do bairro”, afirmou.
O trabalho manual, feito a partir de cascas e sementes do bairro, coletadas pelas artesãs, se tornou fonte de renda para as moradoras de Gramadinho. “Há o fator econômico envolvido nessas ações e consequentemente a independência das mulheres, mas, acredito que essas atividades proporcionaram algo a mais, como o bem-estar e a autoestima dessas mulheres”, destacou Joana.
Reconhecimento cultural
Moradora do bairro há seis anos, Joana relembra a sensação de participar do documentário: “É saber que a nossa comunidade é um lugar muito bom para se morar. Nós ficamos muito felizes por poder mostrar o nosso bairro para toda a região, para toda a cidade”.
“Muitas vezes, embora nós pertençamos a Itapetininga, as pessoas não conhecem o distrito do Gramadinho. E é um distrito muito gostoso de morar, as pessoas são muito humanas”, continuou.
Joana D’arc Vittorelli Pires, 60 anos, mora no bairro Gramadinho há seis anos
Reprodução/ASA
O jornalista Maurício Hermann também faz parte da equipe que produziu o documentário, ele cuidou do roteiro e edição, e descreveu como a obra poderia valorizar a região. “O documentário pretende contribuir como registro da riqueza sociocultural dos distritos de Itapetininga”.
Desta forma, as pessoas que visitam estes bairros, possam valorizar a história, afirmou Maurício. “E se reconheçam como parte desta cultura caipira ora esquecida, ora invisível. Neste sentido trabalhamos para manter uma coerência sintagmática para valorizar as territorialidades e desdobramentos concreto e simbólico dos diferentes distritos que compõem a zona rural”.
Fortalecer a identidade rural
As escolhas dos bairros e as características foram feitas por meio de pesquisa previa junto a órgãos oficiais e estudos do meio, contou o roteirista. “Já escolha dos entrevistados é resultado da produção que buscou atores sociais que pudessem contribuir com a ideia inicial do roteiro de contar histórias”.
Documentário que reforça cultura e tradição de bairros rurais é lançado em Itapetininga
Reprodução/ASA
Segundo o diretor executivo, Gabriel Resende, as entrevistas e registros realizados oferecem um panorama rico sobre a relação entre os moradores e a terra. “Promovendo a conscientização sobre a relevância da preservação dessa e outras heranças, além de destacar o cotidiano presente”.
“O documentário também serve como ferramenta educativa e como estímulo ao diálogo entre as gerações a fim de fortalecer a identidade rural”, completo.
A obra “Distritos de Itapetininga – História, Cultura e Identidade” está disponível gratuitamente no Youtube e tem duração de quase 40 minutos. Mais informações sobre o documentário também estão disponíveis na rede social do coletivo Aliança Socioambiental (ASA).
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Reprodução/ASA
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