Coleção de moda autoral transforma desenhos infantis de alunos da Unochapecó


A partir de 66 cartas e 122 estampas criadas por crianças do ensino fundamental da Escola Básica Municipal em Agropecuária Demétrio Baldissarelli, em Chapecó (SC), os estudantes do curso de Moda da Universidade Comunitária da Região de Chapecó (Unochapecó) desenvolveram 20 parangolés.
O desafio integrou um projeto realizado no componente curricular exclusivo da Universidade, a ABEx (Aprendizagem Baseada em Experiências). A proposta do componente, que está presente em todos os cursos de graduação desde o primeiro semestre, é proporcionar aos estudantes experiências práticas e reais da futura profissão, por meio de parcerias com organizações sociais, setor público e empresas.
A proposta surgiu a partir da experiência do professor Audrian Cassanelli na educação básica. Ele conta que, ao atuar próximo dos pequenos em uma oficina de artesanato, percebeu que a criatividade das crianças poderia render um bom projeto no curso de Moda.
— As crianças gostam de demonstrar os próprios cotidianos visualmente, por meio de desenhos. Achei que seria o encontro ideal: dois grupos extremamente criativos, os estudantes de Moda e as crianças da escola — explica.
A partir dessa ideia, Audrian começou a trabalhar com técnicas de impressão artesanal de estampas com os dois grupos. Depois, o passo seguinte foi conectá-los no projeto do componente curricular.
Processo baseado na troca de experiências
A metodologia da Aprendizagem Baseada em Experiências (ABEx), utilizada em todos os cursos da Unochapecó, foi escolhida pelo professor para viabilizar o projeto. Essa abordagem permite que os estudantes vivenciem, na prática, os conteúdos discutidos em sala.
Para dar início ao trabalho, cartas escritas à mão e tecidos estampados com tintas artesanais pelas crianças serviram de inspiração para os estudantes. Eles puderam ler e interagir com os materiais.
— Experiências fora da sala de aula enriquecem a formação dos estudantes, pois trazem demandas reais, assim como no mercado de trabalho. Ajudam a desenvolver habilidades de resolução de problemas, além do trabalho em equipe — destaca Cassanelli.
Para a estudante Ketruyn Arend, que participou do projeto, o processo foi marcante desde o início. Ela conta que cada estudante escolheu uma carta com a qual se identificava, e a partir disso, eles puderam ler e se encantar com as histórias das crianças.
— Trabalhar com a criatividade pura das crianças nos ensinou a olhar para a moda com mais afeto. Foi um processo de troca, já que nós aprendemos com elas, e elas puderam aprender ao nos verem transformando suas criações em algo maior — conta a estudante.
Vínculo com a comunidade
A construção das peças passou por três etapas principais: o intercâmbio das cartas e estampas, o desenvolvimento técnico dos trajes e a documentação do processo criativo. Cada obra produzida pelos universitários foi pensada a partir de uma história compartilhada por uma criança.
— Acredito que os estudantes ampliaram habilidades que já possuíam, como o compromisso com entregas de alto nível, respeito pelo trabalho do outro e resolução de demandas com criatividade e eficiência. Mas principalmente o afeto e respeito pela produção das crianças da escola. Entenderam que não existe hierarquia entre os diferentes tipos de saberes — afirma o professor.
Já para Ketruyn, o projeto foi fundamental para tirá-la da zona de conforto e ajudá-la a entender que a inspiração pode estar presente em diversos lugares, inclusive, em um desenho de criança. A estudante relata que, além de se sentir mais próxima da própria infância, entendeu melhor o papel do profissional de moda.
— Esse projeto foi, sem dúvida, um divisor de águas na minha formação. Foi o meu primeiro projeto totalmente autoral, em que participei de todo o processo criativo e produtivo: do conceito à execução final. Eu pensei, desenhei, cortei, costurei e até mesmo fotografei. Aprendi que moda vai além da estética: ela carrega histórias, afetos, e pode ser uma ponte entre mundos diferentes — reforça a estudante.
As obras foram apresentadas na própria escola, para que as crianças pudessem conferir de perto os materiais que ajudaram a criar. Depois, foram expostas no evento Fluxo Reverso, realizado na Unochapecó. Por fim, estão expostas para visitação de todo o público na Galeria Agostinho Duarte, localizada na Universidade, desde o dia 28 de julho.
Iniciativa está presente na Unochapecó
A Aprendizagem Baseada em Experiências (ABEx) está presente na estrutura curricular de todos os cursos da Unochapecó, com propostas adaptadas à realidade de cada área. A intenção é aproximar o ensino da prática profissional e fortalecer o vínculo entre universidade e comunidade.
Para quem busca uma formação universitária conectada à prática e com propósito social, a Unochapecó está com inscrições abertas para o Seletivo Uno 2025.
Mais detalhes estão disponíveis no site da instituição.
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