
Entenda porque pedir pelo preço no direct pode ser considerado ilegal
Com o avanço do comércio digital, especialmente em plataformas como o Instagram, novas estratégias de vendas têm ganhado espaço, mas nem sempre de forma transparente. Uma delas é o chamado “preço no direct”, prática em que o valor dos produtos não é divulgado publicamente, apenas por meio de mensagens privadas.
Na prática, é como se uma vitrine exibisse os produtos, mas deixasse as etiquetas em branco, obrigando o cliente a perguntar diretamente ao vendedor quanto custa. A tática, embora comum entre pequenos e médios empreendedores nas redes sociais, levanta questionamentos sobre a legalidade da ação.
Clique aqui para seguir o canal do g1 Ceará no WhatsApp
O que diz o Código do Consumidor
“Preço no privado” é ação proibida pelo direito do consumidor
O advogado Gabriel Sales de Melo declara que, de acordo com o Código de Defesa do Consumidor, todas as ofertas de produtos ou serviços devem ser “claras, precisas e ostensivas”. Isso significa que o preço é uma informação essencial e obrigatória, devendo ser visível e acessível ao consumidor.
Além do valor, outras informações também devem ser apresentadas de forma transparente, como:
Quantidade;
Composição;
Garantia;
Prazos de validade;
Origem do produto.
Quando o preço não é divulgado de forma pública, pode ser considerado uma prática abusiva ou enganosa, pois dificulta a análise imediata de diferentes ofertas e prejudica a transparência da negociação, colocando o consumidor em desvantagem.
“A prática de ocultar preços e exigir que o cliente ‘chame no direct’ contraria o Código de Defesa do Consumidor, porque o preço é informação essencial. Toda oferta, inclusive em ambiente digital, precisa ser clara e ostensiva, garantindo ao consumidor transparência e possibilidade de comparação. O direct pode ser usado para atendimento, mas não substitui a obrigação de informar o valor publicamente”, explica.
Entenda quais são os riscos da tática do “preço no direct”.
Reprodução/Instagram
Como as empresas devem anunciar em redes sociais
Segundo o advogado, é fundamental que as empresas sempre exponham o preço publicamente, incluindo nas redes sociais, e forneçam todas as condições essenciais, como parcelamento, frete e validade das promoções. O uso do direct pode ser uma ferramenta útil para esclarecer dúvidas, mas nunca deve ser o único canal para fornecer informações sobre o preço.
“Muitos comerciantes alegam que querem estimular a interação com o cliente e desejam flexibilizar o preço conforme negociação, evitando exposição pública de estratégias de desconto ou valores diferenciados. No entanto, a intenção comercial não justifica a omissão de informação essencial prevista no CDC. O marketing digital precisa respeitar o mesmo padrão de transparência do ambiente físico”, pontua.
O advogado alerta que, ao adotar essa prática de forma inadequada, as empresas correm o risco de autuação pelo Procon, podendo ser aplicadas multas administrativas. Além das sanções legais, há o risco imediato de perda de credibilidade, o que pode afetar a relação com o público e enfraquecer a imagem da marca.
Assista aos vídeos mais vistos do g1 Ceará: