Justiça Federal no RJ condena médico e mais 4 por falsificação de diplomas de medicina


Condenados pela Justiça Federal por falsificar diplomas de medicina
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A Justiça Federal no Rio de Janeiro condenou cinco pessoas pela falsificação de diplomas de medicina. Entre os condenados está um médico. As penas variam entre 16 e 25 anos de prisão e mais multa.
A decisão é da 5ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.
Francisco Gomes Inocêncio, responsável por uma clínica em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, foi condenado a 16 anos e 1 mês de prisão mais multa por buscar interessados e fornecer os documentos falsos. Para a PF, Francisco é uma “figura central na organização criminosa responsável pela falsificação e comercialização de diplomas de medicina falsos”.
Médico Francisco Gomes Inocêncio Júnior, condenado por falsificação de diplomas de medicina
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A quadrilha foi descoberta a partir de uma denúncia do Conselho Regional de Medicina à Polícia Federal de que pessoas tentavam obter os registros de médicos apresentando diplomas falsos. As investigações deram origem à Operação Catarse, em fevereiro de 2023. Inicialmente com buscas e, numa segunda fase, com prisões dos envolvidos.
Os condenados são:
Francisco Gomes Inocêncio Júnior – Médico e responsável legal da clínica Saúde Mais Você, em Belford Roxo, é apontado como responsável por captação de interessados na fraude e na comercialização de documentos. Foi condenado a 16 anos e 1 mês de reclusão mais 700 dias multa equivalente a R$ 35.420;
Ana Maria Monteiro Neta – Ocupa posição de chefia da organização criminosa captando interessados, confecção e comercialização de diplomas de graduação e outros documentos escolares falsos. Condenada a 16 anos e 10 meses de reclusão mais 860 dias multa, equivalente a R$ 43.516;
Reinaldo Santos Passos – Responsável também por cooptar interessados, intermediar vendas de documentos falsos e distribuir documentos enviados por Ana Maria a compradores. Condenado a 25 anos e 4 meses de reclusão mais 900 dias multa que equivale a R$ 45.540;
Valdelírio Barroso Lima – Dono de curso supletivo é apontado nas investigações como envolvido na captação de interessados e comercialização de diplomas de graduação de medicina. Condenado a 16 anos e 1 mês de reclusão mais 700 dias multa que equivale a R$ 35.420;
Márcio Mota Santana Silva – Subordinado de Ana Maria era o encarregado de receber pagamentos dos interessados nos diplomas falsos por ele intermediados e transferir para Ana. Ele também entregava a documentação aos compradores. Condenado a 15 anos e 1 mês de reclusão, tendo ainda que pagar 650 dias multa equivalente a R$ 32.890.
O g1 tenta contato com os condenados.
Nas investigações da PF, se descobriu a fraude na inscrição de 49 pessoas que apresentaram diplomas falsos de conclusão de cursos de medicina. Ao todo, 65 médicos foram investigados pela Polícia Federal. Todos da Uneb (Universidade Estadual da Bahia).
Fantástico teve acesso, com exclusividade, a investigação sobre falsos médicos
Com o tempo, o grupo, segundo as investigações, passou a falsificar diplomas das universidades federais da Bahia e do Acre. Houve documentos negociados por R$ 50 mil e outros que custaram R$ 400 mil.
Os investigadores descobriram que as fraudes aconteciam na casa de Ana Maria Monteiro Neta, em Montes Claros (MG). No local, foram apreendidos dezenas de carimbos com dados de diretores de secretarias de Educação, faculdades e reitores de universidades, documentos de endereço da Universidade Federal da Bahia, além de caderno com carimbos e rubricas utilizadas pela quadrilha para a confecção de documentos falsos.
Nas buscas realizadas pela PF, Ana Maria arremessou o celular por cima do muro em direção à casa do vizinho o que foi considerado uma forma de esconder provas dos investigadores. Em suas contas bancárias houve a movimentação de cerca de R$ 6 milhões.
O médico Francisco, Reinaldo Santos Passos, Valdelírio Barroso e Márcio Mota Santana da Silva eram os responsáveis por enviar os interessados pelos diplomas a Ana Maria.
No caso de Francisco, as quebras de sigilo telefônico mostram 1.061 retornos de ligação de beneficiários da fraude para o celular do médico. Conforme o levantamento dos investigadores, Francisco usava a clínica, em Belford Roxo, para receber os pagamentos realizados por quem comprava os documentos falsos.
O que disseram os envolvidos
Em depoimentos na Justiça, a defesa de Francisco alegou ilegalidades no deferimento das medidas cautelares de quebra de sigilo telemático, de quebra de sigilo telefônico, de quebra de sigilo bancário e de busca e apreensão.
Já Ana Maria contou, em depoimento, que é professora e proprietária de um berçário. Ela ainda disse que os objetos e documentos apreendidos em sua casa haviam sido entregues em uma caixa por seu namorado. Ela disse que apenas guardava o material.
Carimbos com dados falsos apreendidos pela Polícia Federal na Operação Catarse
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