Como o tarifaço de Trump impacta nas exportações de carne bovina do Brasil?
Mato Grosso do Sul bateu recorde de exportação de carne bovina em julho de 2025, apesar da alta de tarifas nos Estados Unidos, da paralisação de frigoríficos e da suspensão de abates destinados ao mercado norte-americano.
O estado exportou 22,5 mil toneladas de carne bovina no mês passado, alta de 22,9% em comparação com julho de 2024, segundo a Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul (Fiems).
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O valor das exportações também cresceu. Em julho de 2025, Mato Grosso do Sul faturou cerca de US$ 124 milhões com a venda de carne ao exterior — um aumento de 52% em relação aos US$ 81 milhões registrados no mesmo mês do ano passado.
O desempenho do estado acompanha a tendência nacional. As exportações brasileiras de carne bovina também atingiram recorde para um único mês.
📉O resultado ainda não reflete o impacto do tarifaço de 50% imposto pelo presidente americano Donald Trump, já que essa taxa começou a valer apenas no dia 6 de agosto. Entretanto, a sobretaxa de 10% passou a valer em abril.
China e EUA: principais destinos
Os Estados Unidos ainda são o segundo principal destino da carne bovina de Mato Grosso do Sul, atrás apenas da China. No entanto, as vendas para os norte-americanos vêm caindo ao longo de 2025, enquanto o mercado chinês continua em expansão. Veja a diferença nos acumulados exportados aos países:
CHINA
Abril – US$ 46 milhões
Maio – US$ 43 milhões
Junho – US$ 70 milhões
Julho – US$ 74 milhões
ESTADOS UNIDOS
Abril – US$ 34 milhões
Maio – US$ 19 milhões
Junho – US$ 14,6 milhões
Julho – US$ 14,1 milhões
As exportações para a China mais que dobraram. Em julho de 2025, foram enviadas 13 mil toneladas de carne bovina, frente às 6 mil toneladas registradas no mesmo mês de 2024 — aumento de 116%.
Já as exportações para os Estados Unidos caíram. Em julho de 2025, foram embarcadas 2,7 mil toneladas, contra 4 mil toneladas no mesmo período de 2024 — queda de 35%.
Em julho, México foi o 3º maior parceiro comercial para compra de carne bovina de Mato Grosso do Sul, com US$ 6,5 milhões comprados. O Chile, com US$ 3,9 milhões, ficou em 4º lugar.
Segundo a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), até 2023, o México não aparecia nem entre os 20 maiores clientes do país. Mas, com a abertura de mercado naquele ano, as compras começaram a crescer.
Paralisação de frigoríficos
Em 15 de julho, frigoríficos de Mato Grosso do Sul suspenderam a produção de carne destinada aos Estados Unidos após Trump anunciar tarifa extra de 50% sobre produtos brasileiros. Desde então, as produções foram remanejadas para atender outros mercados no exterior.
Segundo o vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados de Mato Grosso do Sul (Sincadems), Alberto Sérgio Capucci, a paralisação, voltada apenas ao mercado norte-americano, foi uma medida logística para evitar o acúmulo de estoques de carne que não seriam vendidos.
Com a nova taxação, as exportações para os EUA se tornaram financeiramente inviáveis. Pelo menos quatro frigoríficos no estado interromperam a produção voltada ao mercado americano, segundo o sindicato. São eles:
JBS
Naturafrig
Minerva Foods
Agroindustrial Iguatemi
Em 2025, a carne bovina desossada e congelada foi o principal produto exportado por Mato Grosso do Sul aos Estados Unidos, somando 45,2% do total e movimentando mais de US$ 142 milhões, de acordo com a Fiems.
Raio X: veja dados da exportação de carne bovina brasileira
Arte / g1
Aumento nas exportações de carne bovina.
Kleiber Arantes/ Governo do Tocantins
Veja vídeos de Mato Grosso do Sul: