
Setor de pescado avalia se vai adotar medidas anunciadas pelo presidente Lula
Horas depois de o governo federal anunciar um pacote de medidas para socorrer empresas afetadas pelo “tarifaço” de Donald Trump aos produtos brasileiros, a palavra de ordem do setor de pescados é cautela.
Diretor de um dos maiores frigoríficos especializados em criação de tilápias do país, em Rifaina (SP), Juliano Kubitza analisa que incentivos oferecidos como o financiamento e os possíveis benefícios tributários podem ser positivos, mas que é preciso analisar vários fatores, principalmente a questão dos custos da empresa.
“Linha de crédito depende muito de quanto ela custa. A gente parte do princípio que é um dinheiro que você vai ter que devolver e pagar juros. A questão tributária da mesma maneira, se isso se aplica, se aplicar, o quanto pode beneficiar”, diz.
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Entre as principais medidas anunciadas pelo presidente Lula estão uma linha de crédito de R$ 30 bilhões para auxiliar empresas impactadas, condicionada à manutenção de empregos, créditos tributários a serem abatidos, na ordem de 3,1% a 6%, nas vendas ao exterior, além da autorização para que União, estado e municípios façam compras públicas de alimentos para hospitais e escolas.
Frigorífico de pescados em Rifaina (SP).
Reprodução/EPTV
Hora de avaliar cenário e criar oportunidades
O setor de pescados é um dos mais afetados pelas restrições impostas pelos Estados Unidos às exportações brasileiras com a alíquota de 50%. Além de não ter entrado para a lista de isenções da Casa Branca, o segmento é dependente das compras norte-americanas.
Na empresa de Rifaina, por exemplo, onde são processadas 40 toneladas de peixe por dia, metade da produção é direcionada para os EUA, o que representou, em 2024, um total US$ 9 milhões com exportações.
“A gente aindá esta no momento de percepção, de como é que isso vai se encaixar, e agora, mais que nunca, nos debruçar sobre o que o governo está propondo, o quanto isso realmente nos atende no nosso caso específico, porque tanto a tiáapia, o mel e as frutas acabam ficando como os mais afetados. A própria carne, apesar de ter um grande volume, tem muitos outros destinos, o próprio governo estimulou isso. A tilápia, por não ter outros destinos, o grande centro de consumo são os EUA”, afirma Kubitza.
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Enquanto avalia de que forma essas medidas podem ajudar, a empresa segue com a produção em andamento, sem cogitar mudanças no sistema de trabalho e em busca de mercados alternativos.
Além de outros países, a aposta é no próprio território brasileiro.
“A gente tem ainda fluindo algumas exportações para outros destinos, algumas delas inclusive seguem para os EUA, mas por outros destinos, então acaba que a taxação não entra, e a gente tem buscado novas frentes em países da própria América Latina, estudando isso, e no Brasil. A gente sabe que o Brasil tem 200 milhões de pessoa. Chile tem 19 milhões, Argentina tem 40 milhões. Estamos em um país com muita gente que tem uma fortaleza no consumo interno.”
Essa abertura de mercados é uma das oportunidades que o país deve buscar neste momento, ainda com as medidas de auxílio estiverem em vigor, segundo o economista Edgard Monforte Merlo.
“O importante é que na realidade você migre da ajuda para uma estratégia de novos mercados, aí sim você vai estar trabalhando para dar mais estabilidade e evitar que você fique tão vulnerável a uma ou duas economias”, analisa.
Lula anuncia medidas contra tarifaço de Trump
Reprodução
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