
Enquanto os Estados Unidos vão fechando as portas para o Brasil, o que ficou mais uma vez demonstrado no cancelamento da conversa entre Scott Bessent e Fernando Haddad, a China se abre e vira cada vez mais o parceiro preferencial.
A avaliação é de assessores presidenciais depois da conversa telefônica, nesta segunda-feira à noite, entre o presidente da China, Xi Jinping, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Xi Jinping falou a Lula que os dois países podem avançar num plano de autossuficiência do sul global, fortalecendo as relações do Brasil com os países da Ásia.
Governo americano cancela reunião do Secretário do Tesouro com Haddad
Para um auxiliar de Lula, é um sinal dos tempos. Enquanto a comunista China se abre para o mundo, os Estados Unidos, outrora classificada de grande economia liberal e aberta do mundo, vão adotando o caminho inverso que gerou sua prosperidade, adotando uma política protecionista.
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da China, Xi Jinping, cumprimentam-se cerimônia no Palácio do Povo, em Pequim, no dia 13 de maio de 2025
Ricardo Stuckert/Presidência da República
Cancelamento de reunião
Por sinal, o cancelamento da agenda remota entre o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dá aos ministros de Lula a convicção de que o presidente está certo em adotar uma postura de cautela em relação a uma conversa com Donald Trump.
Segundo assessores, Lula até poderia ter feito um gesto lá atrás a Trump, não só enviando uma carta, mas ligando também para o novo presidente dos Estados Unidos. Seria mais, porém, um gesto político, porque, segundo esses interlocutores, está claro que Trump está focando no Brasil por questões políticas e não comerciais.
O caso do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modí, é citado como um exemplo de que não adianta ficar atendendo os desejos de Trump. O líder da Índia seguiu o roteiro de ligar, conversar e até ir à Casa Branca. Mas de nada adiantou e está tributado com a mesma alíquota de 50% do Brasil.
Esses interlocutores presidenciais criticam ainda a cobrança do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que reclamou da falta de uma ligação de Lula para Trump. Segundo esses auxiliares de Lula, antes de criticar o presidente, Tarcísio de Freitas deveria ligar para o deputado Eduardo Bolsonaro e pedir para ele encerrar a campanha contra o Brasil.
Talvez o governador paulista diga de que nada adiantaria, porque o deputado seguiria na sua campanha. O mesmo que Lula tem dito reservadamente, poderia até ter ligado, mas de nada adiantaria. O fato é que chegou a hora de agir, porque o tarifaço virou realidade para as exportadoras brasileiras e elas vão precisar de socorro.