Dois anos depois, investigações sobre morte de menina por picada escorpião em Piracicaba não foram concluídas


Familiares de Jamilly falam à CPI da Câmara de Piracicaba
Guilherme Leite/Câmara de Piracicaba
As investigações sobre as circunstâncias que levaram à morte de Jamilly Vitória Duarte, de 5 anos, vítima de picada de escorpião em 11 de agosto de 2023 em Piracicaba (SP), não foram concluídas.
O caso é investigado pela Unidade de Polícia Judiciária (UPJ) de Piracicaba.
“A UJP realiza diversas diligências visando o devido esclarecimento dos fatos. Demais detalhes serão preservados para garantir a autonomia do trabalho policial”, escreve a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP) ao g1.
A repercussão do caso veio após Jamilly morrer, segundo a família, pela demora em receber o atendimento com o soro antiescorpiônico na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Vila Cristina – um dos dois locais que aplicam o medicamento para esse tipo de ocorrência na cidade.
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Jamily Vitória Duarte, de 5 anos, morreu após ser picada por escorpião em Piracicaba (SP)
Arquivo pessoal
Investigações
A Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara recomendou, em 2024, a realização de exame grafotécnico pela Polícia Civil a fim de apurar a possível falsificação de assinatura no livro de registros de retirada de medicamentos da unidade.
A CPI também solicitou à Polícia a análise de imagens, já que, segundo uma das médicas, alguém teria informado que não havia soro na UPA para onde a menina foi levada pela família após ser picada pelo escorpião. O objetivo do pedido, segundo o relatório, é saber se esse diálogo aconteceu no momento descrito pela profissional.
Na época, a polícia informou que requisitou o laudo grafotécnico e que aguardava a elaboração para realizar análise. Um ano depois, não informou em que passo estão as investigações.
O g1 consultou o Cremesp e o Coren, que participaram na investigação do caso, e aguarda o envio de informações.
Prédio da UPA Vila Cristina, em Piracicaba
Isabela Borghese/ Prefeitura de Piracicaba
Processos judiciais
Além da investigação, há dois tipos de processos judiciais em andamento:
na esfera criminal, que apura se houve culpabilidade por parte do atendimento da UPA da Vila Cristina
na esfera cível, que solicita uma indenização para a família
Na esfera civil, o juiz do caso determinou a realização de uma perícia médica pelo Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo (Imesc). A primeira solicitação foi feita em fevereiro de 2025. No entanto, a perícia não foi agendada, informou o advogado da família ao g1.
O g1 questionou o Imesc sobre o motivo de não cumprir a intimação judicial e se há algum prazo para a realização da perícia, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem.
Atendimento hoje
A Secretaria de Saúde informou que conta com uma Comissão de Acompanhamento e Avaliação, que é responsável pela fiscalização dos serviços prestados pela OS que administra a UPA Vila Cristina, realizando notificações e apurações de todas denúncias ou reclamações apresentadas junto à OS, que atualmente se encontra sob intervenção judicial.
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A pasta ainda afirmou que são realizadas capacitações constantes sobre as normativas que devem ser seguidas pelos servidores, bem como os contratados pela OS, em casos que envolvam acidentes com escorpiões.
O g1 procurou a Organização Social de Saúde Hospital Mahatma Gandhi, responsável pela atuação da UPA Vila Cristina, para saber se houve mudanças no atendimento após o ocorrido, mas não teve respostas até a última atualização desta reportagem.
O que fazer se levar picada de escorpião em Piracicaba
A Secretaria de Saúde orientou que as pessoas procurem:
UPA Vila Cristina – rua Dona Anésia, 950, bairro Jaraguá.
Hospital Santa Casa de Misericórdia de Piracicaba – avenida Independência, 953, bairro Alto.
“O atendimento deve ser procurado – principalmente para crianças menores de 10 anos – na UPA Vila Cristina”, escreve a pasta.
Criança morre após ser picada por escorpião em Piracicaba
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