Zooparque de Itatiba dá boas vindas a novos filhotes graças a programa de conservação de espécies; entenda como funciona


Zooparque de Itatiba registra nascimento de novos filhotes
O Zooparque de Itatiba (SP) está com diversos novos moradores. Somente no mês de julho, a equipe deu boas-vindas e comemorou a chegada dos filhotes de tamanduá-mirim, anta, pato mergulhão e cervo-do-pantanal, que estão ameaçados de extinção, graças ao programa de conservação das espécies.
Para manter o “berçário” funcionando e garantir o bem-estar dos novos bebês, a médica veterinária Maria Fernanda Gondim explica que cada uma das espécies recebe um monitoramento especial, com controle de peso, saúde e desenvolvimento.
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“Sempre verificamos se eles estão se alimentando ou mamando na quantidade e frequência esperadas. Observamos também os cuidados maternos, a interação com o grupo e o ambiente”, explica.
Filhote de anta nasce no Zooparque de Itatiba
Zooparque de Itatiba/Divulgação
Na última semana, o zoo compartilhou nas redes sociais o nascimento do primeiro filhote da anta Kiki. Foram 13 meses de gestação e, na sexta-feira (8), ele ganhou um nome oficial: Acácio. Mãe e bebê continuam sendo acompanhamos de perto pela equipe. “Ver essa anta hoje se reproduzindo e cuidando do próprio filhote é muito gratificante”, comemora a veterinária.
Além do pequeno Acácio, outros filhotes foram motivo de comemoração. Eles ainda não têm nome, mas já arrancam suspiros apaixonados dos tratadores e veterinários.
Um dos novos moradores é o filhote de tamanduá-mirim. A mãe, que foi resgata em Rondônia, chegou ao zoo debilitada e, segundo a veterinária, precisou passar por um rigoroso acompanhamento devido a problemas de pele e deficiências nutricionais.
“Ela passou por um período de tratamento, se recuperou completamente e, agora, teve seu primeiro filhote. Para nós, essa história é muito especial, porque conseguimos contribuir com o acolhimento de um animal resgatado, que não tinha condições de voltar à natureza e que aqui pôde formar um par e se reproduzir. Isso é extremamente significativo para a gente”, complementa.
Filhotes de pato-mergulhão nascem no Zooparque de Itatiba (SP)
Zooparque de Itatiba/Divulgação
O lago também ganhou novos “nadadores”: os filhotes de pato-mergulhão. A espécie faz parte do trabalho de conservação do zoo, e o objetivo é uma futura reintrodução destes animais na natureza.
“O pato-mergulhão é uma das aves aquáticas mais ameaçadas de extinção do mundo. Ele é classificado como criticamente ameaçado, porque depende de ambientes com água cristalina e transparente para se alimentar. Sua dieta é composta por peixes, por isso a limpidez da água é fundamental”, explica.
“É uma das primeiras espécies a desaparecer quando há algum distúrbio ambiental, sendo considerada um bioindicador da qualidade do ambiente. Além disso, ocorre em baixas densidades e apenas no Brasil, sendo uma espécie 100% brasileira, ou seja, endêmica, como costumamos dizer. Ela só existe aqui”, acrescenta.
Outra espécie que também faz parte do programa de conservação é o cervo-do-pantanal, que também tem um novo integrante. A ação de manejo em cativeiro começou na década de 1990 e, assim como o pato-mergulhão, trata-se de uma espécie ameaçada de extinção. Segundo a veterinária, há poucos animais sob monitoramento humano atualmente.
“O programa começou com o resgate de alguns animais que estavam em áreas alagadas para a construção de usinas hidrelétricas. Foram principalmente duas usinas: a de Porto Primavera e a de Três Irmãos”, explica.
Tamanduá-mirim e cervo-do-pantanal são alguns dos novos filhotes do Zooparque de Itatiba (SP)
Zooparque de Itatiba/Divulgação
Conservação e manejo
De acordo com Maria, o zoológico trabalha com um plano de coleção, no qual são definidos os animais que fazem parte do plantel e a finalidade de cada um dentro da instituição. Algumas espécies são mantidas para fins educativos e de conservação.
“Outros animais integram programas de conservação, e há também os que vêm de resgate, entre outros. Nesse plano, é decidido quais espécies serão reproduzidas e quais não. Uma vez definidas as espécies a serem reproduzidas, toda a alimentação, o manejo e a estrutura são planejados com esse objetivo”, afirma.
“Essa população que está nos zoológicos e criadouros é manejada como se fosse uma só. A gente anota todos os dados dos animais — quem é quem, de onde veio — e faz os melhores pareamentos, pensando na genética. Por exemplo, decidimos com qual fêmea um determinado macho vai cruzar, visando à preservação dos genes ao longo das gerações e à manutenção de uma população geneticamente saudável”, acrescenta.
Zooparque de Itatiba registra nascimento do maior mamífero da América do Sul
Divulgação
Ela explica que as instituições seguem recomendações criteriosas relacionadas a reprodução, destinação, transporte e pareamento. De acordo com Maria, esse conjunto de ações é o que se chama de programa de conservação.
“Temos árvores genealógicas dos animais e seguimos essas orientações para o manejo correto dessa população. Então, para a gente, é sempre uma satisfação muito grande, uma alegria imensa quando conseguimos reproduzir animais de espécies ameaçadas que fazem parte desses projetos de conservação”, conclui.
Ainda segundo a especialista, a rotina de observação e monitoramento dos animais é extremamente criteriosa. Ela conta que, do primeiro ao último horário do dia, os cuidadores localizam os filhotes no recinto para verificar sua saúde, entre outros manejos.
“Os cuidados observam o comportamento deles e dos pais, acompanham as mamadas e os horários de alimentação, além de avaliar as fezes. Todas as informações são repassadas à equipe veterinária. Dependendo da espécie, os filhotes passam por pesagem e exame físico”, finaliza.
*Colaborou sob supervisão de Júlia Martins
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