
Plano de Israel para expandir guerra e ocupar cidade de Gaza gera protestos e críticas internacionais
Reprodução/TV Globo
O governo de Israel aprovou um plano para expandir a guerra e ocupar a cidade de Gaza.
Uma reunião de dez horas e uma decisão que provocou fortes críticas no mundo todo. O gabinete de segurança de Israel aprovou, na madrugada o plano do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para tomar o controle da cidade de Gaza, onde vive cerca de 1 milhão de palestinos. O texto não menciona a ocupação de toda a Faixa de Gaza, como Netanyahu chegou a defender na quinta-feira (7).
Ainda não está claro quando a ocupação da cidade começará, mas a expectativa é que o início da operação será pelo norte, deslocando a população para o sul. No entanto, as condições para este deslocamento forçado da população palestina são altamente controversas. A maior parte do território já está sob ordens de retirada ou é considerada por Israel uma zona militar. Os poucos acampamentos disponíveis estão superlotados e em estado precário.
Esta semana, o chefe das Forças Armadas de Israel, general Zamir, alertou contra a ampliação dos combates. Segundo a imprensa israelense, ele disse que uma ocupação pode se transformar em um “buraco negro” e pôr em risco os 50 reféns israelenses que ainda estão no cativeiro do grupo terrorista Hamas.
O comandante israelense tinha recomendado uma estratégia de cercos limitados, mas Netanyahu optou por uma ofensiva ampla. O gabinete de ministros avaliou que as alternativas não derrotariam o Hamas nem salvariam os reféns.
O plano aprovado prevê cinco condições para o fim do conflito: o desarmamento do Hamas; o retorno de todos os reféns sequestrados vivos ou mortos; a desmilitarização de Gaza; o controle da segurança do território por Israel; e o estabelecimento de um governo civil que não seja nem o Hamas, nem a Autoridade Palestina.
O fórum de famílias dos reféns fez críticas pesadas ao avanço das tropas. Os parentes afirmaram que a decisão do gabinete “abandona os sequestrados” e ignora os alertas das lideranças militares e a “vontade clara da maioria dos israelenses”. “A escalada militar, no lugar da negociação, deixa os reféns à mercê do Hamas, uma organização terrorista perversa que sistematicamente abusa deles”, declarou o fórum.
Em várias cidades de Israel, milhares de manifestantes protestaram contra a decisão. No plano internacional, a decisão foi duramente condenada. A Alemanha, firme aliada de Israel, suspendeu o envio de armamentos ao país e líderes mundiais, como o premiê britânico Keir Starmer, classificaram o avanço como um “erro”, que vai aumentar o banho de sangue. A França acusou Israel de preparar uma “ocupação total da Faixa de Gaza”. E a Espanha afirmou que a ofensiva só vai provocar mais destruição e sofrimento.
A presidente da Comissão Europeia pediu que Israel reconsidere sua decisão. E o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, definiu o plano como um “crime e uma continuação da fome e da matança contra a população de Gaza”.
O ministro das Relações Exteriores do Egito denunciou que a tragédia de Gaza “é uma mácula na consciência da comunidade internacional”. As Nações Unidas alertaram que haverá “consequências catastróficas” para a crise humanitária em curso.
Já o embaixador americano em Israel, Mike Huckabee, afirmou que os Estados Unidos apoiam o direito de Israel de se defender.
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