‘Sem água a gente não vive’: moradores relatam dificuldades para conseguirem água em comunidade no AC


Moradores da comunidade Panorama enfrentam seca severa em Rio Branco
A seca que atinge Rio Branco mudou a rotina de várias famílias da zona rural. Na comunidade Panorama, o abastecimento de água é feito apenas duas vezes por semana, às segundas e quintas, e ainda assim não dá conta da demanda.
👉 Contexto: O Acre está em situação de emergência por conta da falta de chuvas e a seca dos rios. O governo e a Prefeitura de Rio Branco publicaram decretos de emergência nessa quarta-feira (6). O Rio Acre está a apenas 25 centímetros da menor cota da história, alcançada em setembro do ano passado.
O autônomo Isaque Moura, morador da comunidade, conta que, mesmo com a chegada da água, é preciso correr contra o tempo para armazenar o suficiente.
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”Quando chega água tem que se preparar, sem água a gente não vive. Se não conseguir encher a caixa segunda ou quinta, tem que ir buscar mais longe em balde, no carro de mão mesmo”, relata.
Isaque é morador da Comunidade Panorama e relata a dificuldade do abastecimento de água.
Pedro Marcelo Rede Amazônica
A situação é ainda mais difícil para quem tem limitações físicas. ”Minha coluna não me permite carregar muito peso, mas mesmo assim a gente tem que dar um jeito”, completou o autonômo.
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O carpinteiro Epitácio Ferreira é outro morador sofre com a dificuldade em conseguir água suficiente. Segundo ele quando a seca aperta, até as cacimbas ficam sem água completamente.
“Aí a gente depende dessa caixa, mas ela só enche uma vez por dia. Não dá pra todo mundo, é muita gente morando aqui. Tem gente que mora longe e nem consegue pegar”, afirma.
A única torneira disponível se torna o ponto de encontro e disputa por água para todas as necessidades básicas. “É tudo: banho, comida, tudo depende dessa água”, completa Epitácio.
A Defesa Civil Municipal já listou as comunidades rurais afetadas pela estiagem em Rio Branco. As equipes têm feito o abastecimento com carros-pipa, mas reconhecem que, em algumas regiões, a distância e o difícil acesso dificultam a regularidade do serviço.
Comunidade Panorama, em Rio Branco, tem dificuldade de captação e abastecimento durante a estiagem
Pedro Marcelo Rede Amazônica
Decretos de emergência
Em vigor por 180 dias, o governo do Acre também sancionou, na quarta-feira (6), o decreto que coloca o Acre em situação de emergência por causa da seca nos rios que cortam o estado.
Assinado pelo governador Gladson Camelí, o documento destaca que o regime de chuvas no estado no 1º semestre de 2025 foi inferior ao esperado, o que contribuiu para o cenário de seca dos mananciais. Em julho, por exemplo, choveu somente 8 milímetros na capital.
O prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, também assinou o decreto que coloca a capital do Acre em situação de emergência por conta da seca do manancial.
Rio Acre está a menos de 25 centímetros da menor cota já registrada
Júnior Andrade/Rede Amazônica
O tenente-coronel Cláudio Falcão, coordenador da Defesa Civil municipal, frisou que a partir desse momento o órgão poderá tomar providências como recorrer a outras secretarias e pedir recursos ao governo federal de uma forma mais célere, diminuindo a burocracia.
A capital acreana tem, pelo menos, 73 comunidades rurais afetadas pela seca do Rio Acre.
Em maio deste ano, por conta de problemas estruturais e instabilidade do solo, inclusive com erosão, o governo federal reconheceu a situação de emergência na Estação de Tratamento de Água (ETA) II de Rio Branco.
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