Mordidas, fraturas e superdosagem de remédios: delegado diz que pai suspeito de matar bebê já agrediu pelo menos seis crianças no Paraná


Delegado diz que pai que matou bebê de dois meses já agrediu seis crianças
Lucas Rodrigues Soares, pai suspeito de agredir e matar o próprio filho, um bebê de dois meses de idade, já agrediu pelo menos seis crianças, segundo o delegado Luis Gustavo Timossi. O policial divulgou nesta sexta-feira (8) que descobriu outras situações que “apontam para a prática de agressões com objetivo de causar dor e sofrimento em crianças de pouca idade”.
O histórico obtido pela polícia indica que todas as vítimas são filhas ou enteadas do suspeito, que, segundo o delegado, se aproveitava das oportunidades em que as mães das crianças saíam para trabalhar para praticar as agressões.
Os registros apontam que Lucas já deu mordidas em um filho bebê, quebrou um osso da perna de um enteado criança e até deu uma superdosagem de um remédio a um filho recém-nascido. Veja detalhes mais abaixo.
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Timossi relata que solicitou que a Polícia Científica faça exames para verificar se o investigado possui transtorno de personalidade, pois, nas palavras do delegado, “o comportamento sádico, caracterizado pela crueldade verificada, indica traços de psicopatia”.
Lucas está preso preventivamente em Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná. Ele foi detido em 19 de julho, um sábado, após a companheira dele contar que acordou durante a madrugada para amamentar o filho e encontrou o bebê morto, com sinais de agressão. Relembre mais abaixo.
“A frieza e crueldade demonstradas pelo suspeito são absolutamente inaceitáveis e revelam uma torpeza moral que nos deixa estarrecidos. Estamos diante de um caso que reúne os elementos mais desprezíveis da violência: o assassinato de uma criança indefesa de apenas dois meses de idade pelas mãos de quem deveria protegê-la – seu próprio pai. A brutalidade deste ato é agravada pelo completo descaso demonstrado após o crime”, avalia o delegado responsável pelo caso.
Timossi também afirma que as investigações não descartam a possibilidade da existência de outras vítimas, e continuam para responsabilizar Lucas por todos os crimes identificados.
Até a última atualização desta reportagem, o suspeito não tinha defesa constituída.
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Histórico de agressões
Lucas Rodrigues Soares possui diversas passagens pela polícia
Cedidas pela Polícia Civil
Logo depois de Lucas ser preso, a Polícia Civil identificou registros que apontam agressões anteriores de Lucas Rodrigues Soares contra crianças e companheiras. Ao longo das investigações, outros casos foram descobertos pela equipe.
Veja, abaixo, quem foram as vítimas. As informações são do delegado Luis Gustavo Timossi:
Enteado de 3 anos: Lucas é suspeito de, em 2016, dar um tapa no rosto da criança, deixando lesões;
Filho de 2 meses: Lucas é suspeito de, em 2017, dar mordidas no corpo da criança que deixaram marcas. Na época, ele disse tratar-se de “brincadeira”;
Enteado de 2 meses: Lucas é suspeito de, em 2021, agredir a criança, a ponto de fraturar o fêmur dela;
Enteado de 2 anos: Lucas é suspeito de, em data não especificada, jogar o gato de estimação da família no menino enquanto ele estava tomando banho
Filho recém-nascido: Lucas é suspeito de, em data não especificada, dar uma superdose de um medicamento ao bebê, que nasceu com uma lesão na clavícula. A ex dele relatou que ao ser questionado, o homem afirmou que “era melhor para ele não sentir dor”.
Filho de dois meses: Lucas é suspeito de, em 2025, agredir e matar o menino enquanto estava sozinho com ele em casa.
O histórico também se estende às companheiras. Timossi afirma que em setembro de 2016 o homem tentou matar por estrangulamento uma de suas ex – que, por medo, não denunciou na época.
“Na ocasião, Lucas teria dito que não a matou apenas pois teria lhe faltado força para continuar a pressionar seu pescoço”, aponta o delegado.
Duas ex-companheiras ainda relatam que foram impedidas de procurar ajuda para os filhos após Lucas agredi-los. Uma delas, mãe do bebê morto em 2025, também disse à polícia que foi agredida pelo homem enquanto estava grávida do menino.
Homem não demonstrou reação durante interrogatório, diz delegado
Lucas Rodrigues Soares tem 37 anos e foi preso suspeito de matar o próprio filho
Reprodução
Segundo o delegado Luis Gustavo Timossi, quando questionado sobre o caso mais recente, o homem não esboçou nenhuma reação no interrogatório.
O laudo da perícia aponta que o bebê estava com diversos ferimentos no rosto e na cabeça, e que a causa da morte da criança foi traumatismo cranioencefálico causado por “ação contundente”.
No interrogatório, Lucas disse “não lembrar” de ter feito nada contra o filho. À polícia, ele alegou que a única coisa de diferente que aconteceu foi o filho se engasgar com leite, momentaneamente, no final da tarde de sexta. Ele disse que, depois disso, o bebê dormiu até a hora que ele foi deitar.
“A investigação aponta o homicídio doloso e descarta engasgo acidental. Vale ressaltar que o suspeito foi questionado diversas vezes se teria ocorrido alguma queda que pudesse ter causado lesão na criança e ele nega. […] Ele estava sozinho com a criança quando ela sofreu essas lesões decorrentes de agressão – uma ação contundente; ou seja, um trauma, uma pancada que ela sofreu e acabou vindo a óbito”, complementa o delegado Timossi.
Mãe buscou ajuda para o bebê durante a madrugada
Laudo aponta morte de bebê por traumatismo craniano em Ponta Grossa
De acordo com o relatório divulgado pela Guarda Civil Municipal (GCM), a mãe do bebê, uma mulher de 32 anos de idade, chegou em casa do trabalho por volta das 23h de sexta-feira (18). O suspeito, de 37 anos, disse a ela que tinha alimentado a criança e, por isso, deveria deixá-la dormindo.
Às 3h de sábado, a mulher acordou para amamentar e foi até o carrinho, momento em que percebeu que o menino estava com a pele fria e um ferimento no olho. Ela, então, pediu o telefone do companheiro para ligar para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e foi agredida. O homem é suspeito de esfaquear a perna da mulher.
Ainda conforme a GCM, a mãe voltou para cama e fingiu estar desacordada até que o homem estivesse dormindo. Em seguida, pegou o filho nos braços, pulou o muro e foi até a base regional para buscar ajuda.
A equipe médica foi acionada pelos guardas, mas o bebê não tinha sinais vitais.
Segundo o relatório, o homem foi encontrado e preso em flagrante pelos guardas dentro do quarto da casa. Depois de dizer que não sabia o que tinha acontecido, ele falou que o bebê havia engasgado às 18h de sexta-feira e que não chamou o socorro médico por “não saber o que relatar”.
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