
Rússia pede cautela na retórica após troca de ameaças nucleares com Trump
A Rússia anunciou nesta segunda-feira (4) que vai voltar a instalar mísseis de curto e médio alcance e acusou os Estados Unidos de posicionar armas semelhantes na Europa e na região Ásia-Pacífico. Na prática, Moscou anunciou que está abandonando formalmente uma moratória que impedia essa ação.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores da Rússia, após a movimentação dos EUA, “deixaram de existir as condições” para manter a suspensão que vinha sendo seguida por vontade própria.
O ex-presidente Dimitri Medvedev, atual vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, culpou os países da Otan pela mudança de posição.
“A declaração do Ministério das Relações Exteriores da Rússia sobre a retirada da moratória sobre a implantação de mísseis de médio e curto alcance é resultado da política antirrussa dos países da OTAN”, escreveu ele na rede social X.
“Essa é a nova realidade com a qual nossos oponentes terão que lidar. Espere novas medidas.”
A moratória havia sido adotada pela Rússia em 2019, após os Estados Unidos deixarem o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF), assinado em 1987. O acordo proibia o uso de mísseis com alcance entre 500 e 5.500 km e foi um marco no desarmamento entre Moscou e Washington.
Em 2019, os EUA acusaram a Rússia de violar o tratado ao desenvolver o míssil 9M729, que teria alcance de até 1.500 km. Moscou negou a violação, mas seguiu Washington e também deixou o acordo.
Pouco depois, a Rússia propôs manter uma moratória voluntária, prometendo não instalar esse tipo de arma. A condição era que os EUA também não instalassem.
Míssil intercontinental balístico russo Yars é lançado em exercício de guerra nuclear em Plesetsk, em 2022
Ministério da Defesa da Rússia/AP Photo