
Tubarões-tigre são recapturados para pesquisa em Fernando de Noronha/ Imagem Bruno Galvão
Os pesquisadores que estudam tubarões em Fernando de Noronha divulgaram o resultado da segunda expedição científica de 2025, realizada no final de julho. Em dez dias, foram capturados 17 animais, 13 da espécie tigre (veja vídeo acima). Seis desses tubarões foram recapturados, o que pode indicar que eles vivem na região da ilha.
Entre os tubarões recapturados, três haviam sido marcados pelo Projeto Tubarões e Raias de Noronha e os outros três pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).
Os pesquisadores destacaram a importância das recapturas para o monitoramento dos animais.
“Dos 13 tubarões-tigre marcados nessa expedição, quase metade já havia sido identificados por nossa equipe ou pela UFRPE. Nós constatamos a presença constante desses animais na ilha”, falou a coordenadora do Projeto Tubarões e Raias, Bianca Rangel, que também é pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP).
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Pesquisadores realizaram captura de tubarões
Bruno Galvão/Acervo pessoal
As recapturas também indicam que alguns tubarões podem ser residentes em Fernando de Noronha.
“Analisamos os dados dos receptores acústicos usados no monitoramento. Dois tubarões-tigre marcados no ano passado foram recapturados agora. Eles foram detectados todos os dias pela nossa rede de receptores, o que comprova que permanecem na área”, disse Bianca.
Também foi recapturada uma fêmea marcada em 2022. A marca plástica colocada no animal na época primeira captura estava desgastada e precisou ser substituída.
“A fêmea recebeu uma nova marca plástica para identificação visual, além de um transmissor acústico e um microchip. Isso vai permitir um monitoramento mais duradouro”, explicou Bianca Rangel.
Nos últimos cinco anos, o projeto já capturou 63 tubarões-tigre em seis expedições científicas. Desse total, 43 animais estão equipados com transmissores acústicos e continuam sendo rastreados.
Na última expedição, duas fêmeas marcadas em 2024 foram recapturadas. Uma cresceu 19 centímetros e a outra, 25 centímetros em um ano.
Além das recapturas, os dados dos receptores acústicos e das detecções por satélite mostram que os tubarões permanecem por períodos ao redor da ilha.
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Ciência cidadã
Moradores de Fernando de Noronha também participaram da expedição. Pescadores e condutores de visitantes colaboraram com as capturas e o manejo dos tubarões no trabalho no mar.
“A participação da comunidade local é uma prioridade para o projeto. Muitos moradores observam tubarões todos os dias, mas poucos tiveram contato direto com um tubarão-tigre. Essa vivência ajuda a desmistificar o animal. Acreditamos que despertamos o interesse pela ciência e pela conservação em cada pessoa envolvida”, analisou Bianca Rangel.
Desde 2021, o projeto promove monitoramento participativo e oferece programas de capacitação em Noronha. Os dados coletados com apoio da comunidade têm sido fundamentais para a pesquisa.
A expedição também contou com a participação de moradoras da ilha que integram o programa “Oceânicas”, criado para incentivar a presença de mulheres e meninas na ciência insular, com foco inclusive no estudo de tubarões.
O programa foi lançado este ano pelo Projeto Tubarões e Raias de Noronha em parceria com o grupo Observadores da Natureza para o Desenvolvimento Ambiental das Ilhas Oceânicas (ONDA-ILOC).
A pesquisa com os tubarões de Fernando de Noronha é realizada em parceria com o Instituto de Biociências da USP, o Instituto Federal do Espírito Santo (campus Piúma), a Florida International University e a Universidade KAUST, da Arábia Saudita.
Tubarões-tigres são principal objetivo da pesquisa
Bruno Galvão/Acervo pessoal
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