Ex-gestores investigados por cancelamento ilegal de multas são afastados temporariamente da Strans


Ex-superintendente e ex-gerente da Strans são alvo de operação da Polícia Civil
Reprodução/TV Clube
O ex-superintendente Bruno Pessoa e o ex-gerente de Gestão de Trânsito Daniel Araújo foram afastados temporariamente dos cargos de servidores efetivos da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (Strans) de Teresina.
A determinação judicial foi cumprida pela Strans em uma portaria assinada pelo superintendente Carlos Daniel e publicada no Diário Oficial do Município (DOM) de segunda-feira (28). O g1 tenta contato com a defesa deles.
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Os dois são investigados por participarem de um esquema que cancelou ilegalmente mais de 2 mil multas de trânsito, entre fevereiro e julho de 2024, em Teresina. De acordo com a Polícia Civil, eles sabiam da fraude e se beneficiaram dela.
Ambos estavam exercendo a função de agente de Operação e Fiscalização de Trânsito. Eles também estão proibidos de frequentarem a superintendência e de acessarem os sistemas da pasta até o término da investigação.
“Qualquer agente público da Strans poderá ser responsabilizado administrativa, civil e/ou penalmente, por ação ou omissão, caso facilite, permita ou contribua, direta ou indiretamente, para o descumprimento das determinações desta portaria”, prevê o documento.
O Departamento Estadual de Combate à Corrupção (Deccor) fez buscas e apreensões nas residências dos ex-gestores e está periciando os celulares deles. Bruno Pessoa está sendo monitorado por tornozeleira eletrônica.
Outro investigado por fazer parte do esquema é o ex-servidor Lucas Rocha Lima, que chegou a ser preso na última sexta-feira (25), mas foi solto após oferecer “dados positivos” para a polícia.
Como funcionava o esquema
Delegado detalha esquema de cancelamento ilegal de multas de trânsito
A Polícia Civil começou a investigar o esquema depois de receber uma denúncia anônima que apontava o envolvimento de gestores e funcionários da Strans no cancelamento indevido de multas de trânsito em 2024.
O Deccor enviou um ofício à superintendência, que informou que fez uma auditoria interna no fim do ano passado e identificou 2.215 multas excluídas ilegalmente. Dessas, cerca de 400 foram apagadas após o horário de expediente.
Segundo a investigação, o papel dos ex-gestores da Strans era determinar quais multas de pessoas ligadas a eles deveriam ser excluídas. Um grupo de funcionários terceirizados, por sua vez, era responsável por acessar o sistema do órgão e cancelar essas notificações.
“Eles seguiam ordens dos chefes do setor e do então superintendente e excluíam multas de pessoas próximas, apadrinhadas [pelos gestores ou] por algumas autoridades”, afirmou o delegado Ferdinando Martins, coordenador do Deccor.
“São multas de toda natureza: estacionamento irregular, ultrapassar o sinal vermelho, falar ao celular… Às vezes era um parente de um membro da Strans, alguma liderança ou alguém mesmo que conhecia o vereador. O chefe recebia e pedia para excluir”, completou o delegado.
De acordo com a polícia, o prejuízo estimado aos cofres públicos municipais foi superior a R$ 500 mil. Os investigados podem responder por exclusão indevida de dados em sistema público — cuja pena chega a 12 anos de prisão —, associação criminosa e outros crimes relacionados.
Operação mira exclusão ilegal de multas de trânsito em Teresina
Divulgação/SSP-PI
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