Corpo de Preta Gil é levada para cremação após velório no Theatro Municipal e cortejo pelo Rio


Sob aplausos, corpo de Preta Gil sai em cortejo até o cemitério
Sob os acordes de músicas que escolheu para embalar seu próprio velório, Preta Gil foi celebrada, aplaudida e chorada nesta quinta-feira (25).
O corpo da cantora e apresentadora foi levado para cremação no fim da tarde, após um dia inteiro de homenagens que começaram no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, passaram em cortejo por ruas e avenidas da cidade e terminaram no Cemitério e Crematório da Penitência, no Caju, na Zona Portuária.
Preta Gil morreu de câncer no intestino, no domingo (20), aos 50 anos. Ela estava em Nova York, onde tentava mais um tratamento.
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A artista se despediu do Rio como viveu: cercada de música, amigos, afetos e de um público que a acompanhou ao longo das últimas duas décadas.
O velório aberto ao público lotou o Municipal logo no início da manhã. Fãs chegaram de madrugada e formaram filas ao redor do teatro. Do lado de dentro, um retrato sorridente sobre o caixão e rosas brancas.
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Gilberto Gil dá um beijo na testa da filha, Preta Gil, no velório da cantora
Lia Maciel / MKT Cemitério da Penitência
A cerimônia também foi marcada pela emoção de Gilberto Gil, que chegou com a família e deu um beijo carinhoso na testa da filha momentos antes do fechamento do caixão. Os mais chegados vestiam todos roupas brancas.
Francisco Gil, filho único de Preta, com o ator Otávio Müller, era um dos mais emocionados, e recebeu o carinho de amigos e parentes, incluindo o pai.
Francisco, filho de Preta, no velório da mãe
Cristina Boeckel/g1
O cortejo deixou o Theatro Municipal pouco depois das 15h. O caixão foi colocado em um carro do Corpo de Bombeiros, e seguiu até o cemitério.
No percurso, o comboio passou pelo circuito dos megablocos, no Centro. Esta semana, o trajeto ganhou o nome da artista em uma homenagem póstuma. A cantora costumava arrastar multidões com o Bloco da Preta.
Uma das dezenas de coroas de flores foi enviada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A primeira-dama, Janja, o representou, ao lado da ministra da Cultura, Margareth Menezes.
Imagem aérea do Globocop; fãs na fila do velório de Preta Gil
Charles Junio/TV Globo
Preta, um ícone
Cortejo do corpo de Preta Gil na Av. Presidente Vargas, com a Candelária ao fundo
Raoni Alves/g1
Preta Gil foi uma das maiores defensoras do carnaval de rua carioca e comandava desde 2010 o Bloco da Preta, um dos mais populares da cidade. Em 2017, ela conseguiu arrastar mais de 500 mil foliões pelas ruas do Centro do Rio com uma homenagem a Chacrinha. O circuito de megablocos que leva agora seu nome será, simbolicamente, parte do caminho do adeus à artista.
“É o momento ápice do meu ano. Trabalho o ano inteiro, faço mil atividades, mas o meu grande ‘xodó’ é o Bloco da Preta. Nele deposito muito da minha energia. O ano inteiro de planejamento, reuniões. É um momento muito especial, onde eu fico muito grata a Deus, aos meus fãs”, disse ao g1.
Filha de Gilberto Gil, sobrinha de Caetano Veloso, afilhada de Gal Costa, Preta Gil deixou a carreira de produtora e publicitária e decidiu pela carreira de cantora aos 29 anos, quando lançou seu primeiro álbum. “Prêt-à Porter” traz o hit “Sinais de Fogo”, uma composição de Ana Carolina feita especialmente para a amiga Preta. Além disso, o disco recebeu críticas por ter a cantora nua na capa.
“Eu lembro que fui mostrar para o meu pai e ele falou: ‘Desnecessário, Preta’. Aquilo foi uma confusão na minha cabeça. Mas meu pai é um sábio. Ele sabia exatamente o que eu ia passar depois. Eu lancei o disco achando que estava abafando, mas veio uma enxurrada de muitas críticas na época. De muito conservadorismo”, disse Preta em entrevista a Pedro Bial.
O segundo álbum de Preta Gil, intitulado “Preta”, foi lançado em setembro de 2005 e tinha as músicas “Muito Perigoso” e “Eu e você, você e eu”. Em 2010, a cantora lançou seu terceiro álbum, o “Noite Preta”, festa com a qual percorreu o Brasil inteiro por sete anos.
Após o sucesso da turnê, Preta criou o show “Baile da Preta”, com um repertório diverso. “O Baile da Preta retrata a minha personalidade musical, meu ecletismo, meu gosto e meu respeito pela MPB, que para mim abrange desde Caetano Veloso e Gilberto Gil até Aviões do Forró e Psirico”, explica a cantora em seu site oficial.
Em 2017, Preta lançou o sexto e último álbum, distribuído apenas em versão digital. “Todas as Cores” tem participação de Pabllo Vittar, Marília Mendonça e Gal Costa, além de incluir a canção “Botando a fila para andar”, composição de Ana Carolina.
Em 2021, a cantora gravou a música “Meu Xodó” em parceria com o seu único filho, Francisco. Na época, a cantora afirmou que a faixa foi a mola que a tirou do fundo do poço. “Se não fosse o Fran, eu talvez tivesse perdido a minha voz mesmo, porque sou intérprete, não sei tocar instrumento. Ele foi me estimulando o tempo inteiro a não entrar nessa bad total”, explica ao g1.
Durante a carreira, Preta também fez algumas participações em novelas e séries de TV, como “As Cariocas”, “Ó Paí, Ó” e “Vai que Cola”.
Além disso, também investiu como empresária, sendo uma das sócias da agência Mynd. Entre os clientes, estavam Luísa Sonza, Pabllo Vittar, Camilla de Lucas e mais algumas dezenas de artistas e influenciadores.
Preta Gil
Reprodução/TV Globo
Preta Gil
Reprodução
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