Leucena e Murta: plantas invasoras ameaçam o meio ambiente e devem ser eliminadas de Campo Grande


Leucena e murta devem ser erradicadas em Campo Grande.
Reprodução/Eduardo Alves de Jesus
A leucena (Leucaena leucocephala) e a murta (Murraya paniculata), embora pareçam inofensivas, representam sérias ameaças ao meio ambiente e à agricultura em Campo Grande (MS). Por isso, ambas estão na mira de medidas legais que preveem sua eliminação do território urbano.
A leucena, introduzida no Brasil nos anos 1970 como alternativa de alimentação para o gado, é originária do México. De acordo com o especialista em ecologia e arborização Milton Longo, a planta se espalhou rapidamente por Mato Grosso do Sul e outros estados, invadindo áreas naturais e sufocando a vegetação nativa.
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Essa capacidade de dominar o ambiente ocorre principalmente pela liberação de uma substância chamada mimosina, que inibe a germinação e o crescimento de outras espécies ao redor.
“Ela é muito agressiva, tem um crescimento muito rápido e se espalhou por todos os fundos de vale em Campo Grande porque cresce rápido, domina o ambiente e forma essas florestas únicas.”, explica Longo.
A bióloga Gisseli Giraldelli, diretora da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, reforça o alerta: “Uma área que sofre a invasão das leucenas perde toda a biodiversidade e vira aquilo que a gente chama de deserto verde. Aparentemente você olha, fala ‘tá lindo, né, tá verdinho, tem uma mata ali’, e quando você chega lá é toda de uma espécie só. Então ela ameaça a fauna e a flora como um todo”.
Por causa desse impacto ambiental, a Lei Municipal nº 7.418, sancionada em junho deste ano pela prefeita Adriane Lopes (PP), tornou obrigatória a erradicação da leucena em Campo Grande.
O processo, no entanto, é desafiador. Biólogos afirmam que o controle da planta exige remoção completa, substituição por espécies nativas de rápido crescimento e até a retirada da camada superficial do solo, que pode conter sementes viáveis por até cinco anos.
Murta: ameaça à citricultura
Outra planta que pode ter o plantio proibido em Campo Grande é a murta (Murraya paniculata), espécie ornamental muito usada em jardins pela beleza e perfume de suas flores. A proposta, já aprovada pela Câmara Municipal, aguarda sanção da prefeita.
Apesar da aparência inofensiva, a murta abriga o psilídeo, inseto transmissor do greening – ou Huanglongbing (HLB), considerada uma das doenças mais devastadoras para a citricultura mundial.
A proposta municipal acompanha a legislação estadual, que já proíbe o plantio, comércio e transporte da murta em Mato Grosso do Sul.
Entenda a doença
O greening é causado por bactérias transmitidas pelo psilídeo, e compromete gravemente a produtividade e qualidade dos citros. As árvores afetadas podem morrer em poucos anos. A doença foi identificada no Brasil pela primeira vez em 2004, em São Paulo, e hoje já atinge pomares em Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Goiás, segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária.
Com o avanço da citricultura em Campo Grande, Sidrolândia, Terenos e outras cidades do interior, a preocupação com a presença da murta em áreas urbanas se intensifica.
Multa para quem descumprir
As duas legislações – sobre a leucena e sobre a murta – preveem multa de R$ 1 mil a quem for flagrado plantando, comercializando, transportando ou produzindo mudas dessas espécies dentro dos limites de Campo Grande.
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