
Relacionamento conturbado durou cerca de dois anos. Homem foi esfaqueado dentro de casa em Jaboatão dos Guararapes e morreu após ser levado para UPA. Vídeo mostra homem provocando mulher com faca antes de ser morto por ela com filho bebê
O homem de 30 anos assassinado pela ex-companheira, de 23 anos, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, havia contado para amigos e familiares que estava em um relacionamento conturbado, segundo parentes dele. Na quinta-feira (26), ele estava com o filho de 11 meses no colo quando foi esfaqueado pela jovem (veja vídeo acima).
“Uma vez ela agrediu ele com um telefone, que quebrou o telefone na cara dele. Outra vez, ela puxou a faca para ele e ele chegou na casa do meu tio, chorando”, contou a irmã dele ao g1.
📲 Siga os perfis do Bom Dia PE, do NE1 e do NE2 no Instagram
Os relatos de agressões foram frequentes ao longo de quase dois anos de relacionamento, de acordo com a irmã do homem, que contou que ele e a jovem começaram a morar juntos pouco tempo depois de se conhecerem. Em novembro de 2024, eles se mudaram para a residência onde o crime aconteceu.
Uma câmera de segurança instalada na casa filmou a mulher esfaqueando o ex-companheiro. Ela foi presa em flagrante e está em prisão domiciliar, com uso de tornozeleira eletrônica. O homem foi socorrido, mas morreu na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Engenho Velho, em Jaboatão.
Mulher esfaqueou companheiro que estava com filho bebê nos braços, em Jaboatão
Reprodução/WhatsApp
Os nomes dos envolvidos não serão divulgados em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O bebê de 11 meses, filho do homem assassinado, está sob os cuidados da avó paterna, que mora no bairro do Ibura, na Zona Sul do Recife.
Segundo a mãe do rapaz, ele insistia no relacionamento com a mulher por causa da criança. “Ele dizia que só estava lá [na casa] por causa do filho dele, que ele era louco pelo filho dele”, contou ao g1. Ainda de acordo com ela, o homem tinha receio de perder o contato com o filho, pois relatou que a jovem o impedia de levar o bebê para visitar a família paterna.
“Ele já estava procurando até um advogado em relação a isso, para saber quais direitos ele teria se saísse da casa dela, porque ela ficava o tempo todo dizendo que ele não iria pegar a criança”, afirmou a irmã.
A mãe e a irmã também contaram que, mesmo com brigas e rompimentos recorrentes, o homem continuava frequentando a casa da jovem. As filmagens do dia do homicídio mostram, inclusive, os dois sentados lado a lado no sofá, cerca de uma hora antes de o crime acontecer. Porém, pelas imagens, é possível ver o homem provocando a mulher com uma faca.
“Naquela filmagem, ele deitado no sofá com ela com o celular na mão, ele pegou com a faca na perna dela, é porque ele era muito brincalhão. […] Não era um menino de briga, nunca brigou, nunca foi preso, nunca teve ocorrência de nada meu filho”, disse a mãe do homem assassinado.
Mulher alega legítima defesa
A jovem presa pelo crime alegou que agiu em legítima defesa. A advogada Creuza Almeida, que assumiu a defesa dela inicialmente, havia informado que a mulher sofria ameaças de morte pelo ex-companheiro e que esfaqueou o homem porque ele queria levar o bebê embora. Além disso, afirmou que a ação dela foi “sem qualquer intenção de provocar a morte do rapaz”.
No termo de audiência de custódia, a juíza Mirna dos Anjos Gusmão informou que a mulher presa “declarou que nunca pretendeu matar a vítima e que o golpe de faca foi desferido em legítima defesa própria e de seu filho menor, temendo pela vida de ambos, informando ter sido um relacionamento conturbado”.
Após uma mudança na defesa da jovem, a nova advogada que assumiu o caso, Emilly Amaral, divulgou nota nesta quarta-feira (2) dizendo que:
“o relacionamento do casal durou aproximadamente dois anos, com períodos de separações e reconciliações, sendo que, na data do ocorrido, já estavam separados há cerca de seis meses”;
“ainda assim, era habitual que o ex-companheiro frequentasse e pernoitasse na residência para visitas ao filho do casal, convivência esta que sempre foi incentivada” pela jovem;
a mulher foi “vítima de reiterada violência psicológica ao longo do relacionamento, marcado por episódios de controle e ciúmes por parte do ex-companheiro”;
a violência doméstica era “praticada de forma silenciosa, sem registros prévios de denúncia por medo e constrangimento”;
no dia do crime, a jovem contato com os canais de emergência da Lei Maria da Penha por WhatsApp e ligou para a Polícia Militar;
“tais tentativas não foram concluídas em razão da presença do ex-companheiro no local, circunstâncias que poderão ser devidamente comprovadas por meio dos registros e prints das conversas, que já estão à disposição das autoridades competentes”;
a jovem “encontra-se profundamente abalada emocionalmente, lamenta profundamente o desfecho dos fatos e reforça que não teve qualquer intenção de cometê-los”;
ela é “uma vítima silenciada de ameaças e de violência psicológica no relacionamento, onde muitas mulheres não tem coragem de dar o primeiro passo e denunciá-las”;
após o assassinato “passou a temer por sua segurança e de seus três filhos, pois foi alvo de ameaças”;
a jovem coloca-se à disposição da Justiça para prestar todos os esclarecimentos necessários.
VÍDEOS: mais vistos de Pernambuco nos últimos 7 dias